Livro de Mágoas, de Florbela Espanca, novo lançamento da Aquarela Brasileira Livros, é um livro de versos de dor, de ausências e distâncias
A poesia era para Florbela Espanca a sua forma de expressão natural, a sua ponte com o mundo, sua maneira de abrir seu coração. Florbela apareceu, escreveu sua poesia doída, sentiu a dor da vida em seu percurso trágico e não suportou esse mundo pesado.
Mas isto não nos impede de dizer que Florbela é imensa, uma luz que nunca se apagou, e por isso tem um brilho raro e longevo. Em seus textos, Florbela abordou temas como amor, erotização, angústia e sofrimento, trazendo a figura feminina para o centro das discussões. Seus versos, de forte teor emocional, aliam a tristeza, a solidão e o desencanto ao desejo de ser feliz. Original em falar de suas próprias trevas, suas palavras são lanternas que iluminam a visão dos leitores, sofredores ou não de mágoas como ela enfrentou.
A poeta não fez parte de nenhum movimento literário, embora seu estilo lembrasse muito os poetas românticos. Ela escreveu contos, poemas e cartas, mas foi no soneto que encontrou o melhor caminho para sua expressão poética.
Livro de Mágoas foi publicado em 1919. Conta com 32 poemas. Parte de sua inspiração veio de sua vida tumultuada, inquieta e sofrida pela rejeição do pai. Sua linguagem está situada nas suas próprias frustrações e anseios, características encontradas no poema “Eu”:
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida …
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber por quê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
É preciso coragem, mas não apenas, para se expor tanto assim em versos tão fortes e explícitos. Em um meio dominado por homens e seus discursos fortemente marcados pelo patriarcado, a poeta apareceu com seus textos de caráter sentimental, confessional e guiados pela paixão.
Apesar de não levantar bandeiras sociais como o Feminismo, Florbela é considerada uma mulher à frente de seu tempo por ter ido contra barreiras da sociedade portuguesa da época, e a grande figura feminina da literatura portuguesa das primeiras décadas do século passado.
Viveu pouco, passou praticamente desapercebida como poeta ou feminista em vida, entretanto, Florbela é das poucas figuras literárias portuguesas cuja vida deu origem a filmes, séries, peças e diversos livros derivados, como biografias, fotobiografias e estudos acadêmicos.
A presente edição para seu lançamento no Brasil contou com o apoio da DGLAB – Direcão-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, do Ministério da Cultura de Portugal.
SOBRE A AUTORA
Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, no Alentejo, Portugal, no dia 8 de dezembro de 1894, e com poucos anos foi tomada da mãe e levada pelo pai para viver com sua madrasta, fato que a atormentaria até o fim da vida.
Florbela escreveu seu primeiro poema entre 1903 e 1904: “A vida e a morte”. Na mesma época fez um soneto em homenagem ao seu irmão Apeles e um texto para o aniversário do pai. O primeiro conto escrito por ela foi “Mamã!”, em 1907, sobre sua mãe biológica, que morreria um ano depois.
Em 1917, ao completar o curso de Letras, foi a primeira mulher a ingressar no curso de Direito da Universidade de Lisboa.
Sua primeira obra oficial, composta por sonetos, Livro de Mágoas, teve duzentos exemplares publicados em 1919, os quais foram vendidos rapidamente.
Em 1921 divorcia-se de Alberto e passa a viver com um oficial de artilharia, Antônio Guimarães.
De volta a Lisboa, em 1923, publica Livro de Soror Saudade. Nesse mesmo ano, sofre o segundo aborto e separa-se do segundo marido.
Em 1925 casa-se com o médico Mário Laje, em Matosinhos, onde passa a residir.
Dois anos depois falece seu irmão Apeles em um trágico acidente de avião, o que a deixaria ainda mais fragilizada. Em sua homenagem, ela escreveu um conjunto de contos no livro As máscaras do destino, publicado somente após sua morte.
Florbela tentou suicídio por três vezes, falhando nas duas primeiras e sendo a última fatal. Ela morreu no dia do seu aniversário de 36 anos, em 8 de dezembro de 1930, na cidade de Matosinhos, com superdose de barbitúricos.
Outras livros foram lançadas postumamente: Charneca em flor, Juvenília, Reliquiae e Cartas de Florbela Espanca.
DADOS DO LIVRO
Título: Livro de Mágoas
Autora: Florbela Espanca
Editora: Aquarela Brasileira Livros
Gênero: Poesia
Formato: 13,5 x 17,5 cm
Número de páginas: 50
ISBN: 978-65-86867-07-7
DL: 481446/21
Web: www.aquarelabrasileira.com.br/livro-de-magoas_florbela-espanca
Encomendas: faleaquarela@gmail.com
Conheça nosso catálogo em
www.aquarelabrasileira.com.br/aquarela-brasileira-livros
Aquarela Brasileira Livros
Livros são Incríveis! A gente ama!
Brasil – Portugal
www.aquarelabrasileira.com.br/aquarela-brasileira-livros
www.facebook.com/aquarelabrasileira
faleaquarela@gmail.com